Pai Santo,
Somos a Igreja de Setúbal
que reúnes e animas
pelos braços do Teu Filho e do
Espírito Santo
e que quer celebrar quarenta anos
de Diocese.
= Somos a Igreja de Setúbal
À boa
maneira paulina, se
refere que a Igreja está, vive e faz-se num contexto
sócio/geográfico muito
concreto. Aqui se refere a realidade diocesana, onde cada um se
sente parte dos
outros que consigo caminham, sofrem, alegram-se, vivendo a graça
do perdão e da
comunidade.
As paróquias
só têm
sentido se estiverem em comunhão com a Diocese.
= Que reúnes e animas...
A ‘Igreja’ é
a reunião
dos irmãos, cuja expressão máxima se exprime na eucaristia.
Reunião e animação
que não dependem só dos fatores humanos nem dos ingredientes
sociais.
= Pelos braços do Teu Filho e do
Espírito Santo
Na linguagem
dos padres
da Igreja, nós somos ‘um povo unido pela unidade do Pai e do
Filho no Espírito
Santo’ (cfr. LG 4). Deste modo a Igreja é o ícone da Santíssima
Trindade, onde
o Pai e o Filho e o Espírito santo constroem e animam a vida dos
cristãos e a
comunhão das instituições.
= Que quer celebrar 40 anos de
Diocese
Somos uma
Igreja no
espaço e no tempo, com história e com memória...no passado e com
presente!
Pai santo,
nesta hora feliz, damos-te graças
por tantas pessoas, instituições
e acontecimentos,
que são sinais do Teu amor por
nós.
= Pai santo, nesta hora feliz,
damos-te graças
A celebração
dos 40 anos
da Diocese de Setúbal é um momento de felicidade de índole
espiritual e motivo
de ação de graças… sendo a eucaristia uma dos expoentes máximos
dessa vivência
de gratuidade e de agradecimento pela ação da graça de Deus
nesta porção do
povo de Deus.
= Por tantas pessoas,
instituições e acontecimentos
Eis uma
pequena (mas
significativa) lista de motivos para esta ação de graças, como
diocese: as
pessoas que habitam entre o Tejo e o Sado que se esforçam por
fazerem parte
desta Igreja; as instituições tanto de natureza civil como
eclesial ou mesmo
associativas e imensos acontecimentos que decorreram nestes 40
anos, tantos
agradáveis como difíceis… tudo faz parte da vida e fez caminho
de vida nesta e
para esta Igreja.
= Que são sinais do teu amor por
nós
Eis uma
leitura urgente a
fazer: ver tudo como sinal de Deus, nada é desperdiçado nem
ninguém é excluído
da nossa história pessoal e familiar, social e eclesial. Se
tivéssemos, assim,
uma visão de fé, pela esperança e na caridade tudo seria bem
interpretado em
Deus… para louvor d’Aquele para Quem tudo concorre para o bem
daqueles que O
amam!
E pedimos-te
a paixão pela santidade,
a fé viva alimentada pela Palavra
e pela
Eucaristia
e um coração acolhedor de todos,
sobretudo dos
pobres.
= Pedimos-te a paixão pela
santidade
Iniciamos
uma série de
‘pedidos’ (intercessões e petições) para todos como Igreja e não
meramente para
cada um de forma isolada. Somos um corpo de Cristo santificado
pelo poder do
Espírito Santo. É, por isso, que solicitamos ao Pai que derrame
o seu Espírito
de santidade em nós, como diz o concílio Vaticano II, ‘santa
Igreja dos
pecadores’ (LG 48), isto é santa na sua natureza embora pecadora
nos seus
membros.
Mais do que
uma qualidade
da Igreja, a santidade que suplicamos é uma condição de
afirmação dos cristãos
no mundo: santos embora sujeitos à condição terrena de tentados
e de pecadores.
Temos de
assumir a
‘paixão pela santidade’ e isso fará de cada um de nós e de todos
nós um povo
marcado pela unção da santidade na vida de cada dia.
= A fé viva alimentada pela
Palavra…
O cristão
alimenta-se do
‘pão da vida’ seja na Palavra de Deus, revelada na Sagrada
Escritura, seja pelo
anúncio evangelizador da mesma Palavra na Igreja. Precisamos de
ultrapassar o
défice de conhecimentos da Bíblia, lendo, escutando, meditando e
rezando a
Mensagem da salvação que nos é comunicada na Palavra de Deus
escrita e na
Tradição. Não podemos continuar a ser ignorantes daquilo que
Deus nos diz na
Sua Palavra.
Em cada
idade temos de
acertar com o ritmo da nossa consciencialização humana e a
aferição do nosso viver
com a Palavra de Deus viva e eficaz… Certamente já crescemos
muito, mas ainda
nos falta muito mais.
= … e pela Eucaristia
À boa
maneira dos
primeiros cristãos precisamos, hoje, de dizer e viver: não
podemos viver sem a
eucaristia, sobretudo dominical. Os dados de afastamento da
prática da
eucaristia de domingo são preocupantes: seremos cerca de 4% em
relação à
população residente na área da diocese – 31.413 praticantes em
779.373
habitantes…
A chama do
encontro com
Cristo está muito fragilizada e, por isso, com muita facilidade
se deixa ou
abandona a missa de domingo… De fato, há mais igrejas, nestes 40
anos de
diocese, mas os praticantes não cresceram tanto quanto era
suposto… Há muita
coisa a corrigir com verdade e humildade, dando testemunho da
celebração da
missa dominical, que dá sabor e alegria à nossa vida.
= Um coração acolhedor de todos…
Numa igreja
minoritária
há que mudar de estratégias, pois quem chega precisa de ser
acolhido.
Falta-nos. Normalmente, um serviço de acolhimento – desde a sua
expressão mais
simplista até à mais delicada – de quem nos procura, inserido
numa visão de
saber receber, aprender a escutar, ter tempo para explicar,
incluir e enquadrar
quem chega… Mais do que um cliente, esse/a que nos procura é um
irmão ou uma
irmã em quem Cristo está presente… seja conhecido ou
desconhecido!
= … sobretudo dos pobres
Estes são os
mais
frágeis, os vulneráveis, os desempregados, as vítimas dos
vícios, do desprezo…
sem comida, sem casa (ou com a renda em atraso), sem água nem
eletricidade…
Esse pobre tem de ser acolhido com coração compassivo e
misericordioso, não
atendendo a quem é, mas a Quem ele represente, Jesus pobre e
necessitado.
Pedimos-te
a graça de crescer como
comunidade,
onde cada um se sinta amado
e se torne pedra viva e lugar de
acolhimento.
= A graça de crescer como
comunidade
Desde logo
vale a pena
ver a composição desta palavra: comum – unidade, isto é,
tentarmos viver na
comum unidade de irmãos na mesma fé a partir do mesmo Cristo em
Igreja… Embora
se possa dizer muito esta palavra, ela é, antes de tudo, uma
dinâmica que se
alicerça num coração convertido a Jesus e aos outros. Pois, os
outros são a
nossa componente de caminhada para crescermos – claro com
atritos e diferenças
– e não para nos ofendermos ou melindrarmos…
‘Crescer’
implica vida e
dificuldade e, por vezes, esse crescimento traz crises, tendo em
conta a
etimologia desta palavra: momento de decisão, faculdade de
distinguir, decisão…
Todos nós temos de passar por crises de crescimento – na idade,
na personalidade,
na maturidade – e, se acontece nas pessoas, também acontecerá na
convivência
com outros.
Temos
consciência de
crescer como comunidade? Ou será que vivemos num certo ambiente
tão pacato que
mais parece um cemitério?
Crescer como
comunidade
implica conversão contínua e humilde… e precisamos de pedi-lo a
Deus.
= Onde cada um se sinta amado
Ninguém se
sente bem,
seja onde for ou com quem for, se não se sentir amado, que é
muito mais do que
tolerado ou aturado… Ora, nós pedimos que, em comunidade, vamos
crescendo em
atitude de estima e acolhimento e ainda onde cada pessoa seja
vista como é e
não a partir dos adereços sociais, de instrução ou até de
pretensão.
O desafio é
alto e
urgente, mas as etapas estão-nos acessíveis e à nossa
disposição: à semelhança de
Jesus temos de amar e de ser amados, ou como tem dito o Papa
Francisco: cuidar
e deixar-se cuidar… aprendendo a perdoar os erros e falhas dos
outros para
sermos também nós perdoados pelos outros, sobretudo pelos que
nos conhecem (ou
vão conhecendo) melhor.
= E se torne pedra viva…
Ser pedra
viva do templo
do Senhor, que é Igreja, é estar consciente da sua vocação e
missão na Igreja e
mesmo no mundo, pois só assim nos sentimos parte uns dos outros
e criadores de
comunhão à nossa volta. Não pode haver cristãos-sanguessuga,
isto é que vivem à
custa dos outros, nada fazem e quase tudo e todos criticam.
Temos de descobrir
e exercer os carismas que Deus nos concedeu para o crescimento
da
comunidade-Igreja.
=… e lugar de acolhimento
Tendo sido
acolhido,
agora se reveste a mesma atitude: mais do que retribuir o que
nos deram,
devemos estar de coração aberto para acolher como Jesus. As
figuras do
samaritano (Lc 10,29-37) e da samaritana (Jo 4,1-42) podem
servir-nos de
modelos para viver este exercício contínuo de acolhimento: como
cuidado pelos
mais frágeis e como anunciadores do encontro com Jesus, que nos
mudou a nossa
vida.
Pedimos-te
que, guiados pelo Espírito de
Jesus,
sejamos ‘Igreja em saída’
a anunciar a todos a alegria do
Evangelho.
= Guiados pelo Espírito de Jesus
Ungidos,
somos enviados.
Com efeito, o evangelho está contido entre duas palavras de
Jesus: ‘vinde’ e
‘ide’… vinde após Mim e farei de vós pescadores de homens…E Eu
envio!
Novamente
pedimos ao Pai
que, por Jesus, vivamos a dinâmica do envio, isto é, da missão.
Não podemos ser
cristãos só do templo, pois poderemos ser encurralados na
sacristia, mas,
partir da celebração da eucaristia, partimos para a missão. Nas
palavras do
Papa João Paulo II: da missa para a missão, isto é, a missa
começa quando acaba
a celebra-ção da eucaristia, esta faz-se presença e testemunho.
Quem nos faz
viver isso é o Espírito de Jesus, esse mesmo que O conduziu na
sua vida pública
de anúncio do Reino messiânico.
= Sejamos ‘Igreja em saída’
Esta
expressão tem sido
muito difundida pelo Papa Francisco. Diz-se na ‘Alegria do
Evangelho’ : «Na
Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de
‘saída’, que Deus
quer provocar nos crentes (…) Que a pastoral ordinária em todas
as suas
instâncias seja comunicativa e aberta, que coloque os agentes
pastorais em
atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta
positiva de todos
aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade» (EG 20.27).
Desta forma
estar em
saída faz com que deixemos as amarras de segurança rotineira e
as certezas duma
fé cristalizada, para podermos entrar na aventura de novos
horizontes e
diferentes campos de intervenção… sem o cheiro a cera ou a
pescar no aquário.
= A anunciar a todos a alegria do
Evangelho
Este pedido
é muito mais
do que entender o que o Papa nos diz na exortação que nos faz
ler e meditar com
o mesmo nome. Este pedido é fazer com que o Evangelho seja isso
que significa:
boa nova para todos… sem anátemas nem excomunhões, tanto para
fora como para
dentro do espaço eclesial.
Há tantos
campos e
esferas de intervenção que só pela alegria d Evangelho poderemos
penetrar com
confiança e verdade. Como dizia recentemente o Papa: ‘nunca um
santo teve uma
cara de enterro. Os santos sempre tiveram o rosto da alegria,
ou, pelo menos, o
rosto da paz’!
Pedimos-te, com Maria,
um coração orante e tão cheio do
teu amor
que encha de alegria as pessoas
que encontramos.
Ámen.
= Pedimos-te com Maria
À boa
maneira das mais
recentes intervenções dos Papas, o nosso Bispo coloca, o final
desta oração,
aos cuidados de Nossa Senhora. Com efeito, Ela é a mãe, a
protetora e a
intercessora da nossa caminhada em Igreja e como Igreja
diocesana, as famílias
e as pessoas… tanto as crentes como todas as outras que vivem
neste espaço
diocesano.
= Um coração orante…
Depois de
pedirmos um
coração santo, um coração acolhedor e um coração ungido pelo
Espírito Santo,
queremos viver tudo isto com um coração orante, isto é, que vê,
acolhe, aceita
e contempla a presença de Deus nas coisas, nos acontecimentos,
nas pessoas e na
história… Rezamos com tudo e rezamos por tudo o que nos
acontece.
= …e tão cheio do teu amor
É Deus quem
preenche as
nossas lacunas e infidelidades pela fidelidade Maria, com Ela,
por Ela e n’Ela.
A cheia de graça derrama sobre nós as graças e bênçãos divinas,
hoje e para
sempre.
= Que encha de alegria as pessoas
que encontramos
Do trono da
graça – que é
por excelência Jesus e por participação especial Nossa Senhora –
se derramam as
bênçãos do Céu sobre a Terra, como lugar de provação, de anúncio
e de
testemunho. A paz e a alegria se derramem na nossa vida e
através de nós, como
portadores da bênção, se irradiem onde quer que se encontre um
cristão.
Amen!
António Sílvio Couto
(10.janeiro.2015)
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