16
de Julho de 2015
Sé,
18h00
Introdução
à celebração
Celebramos, neste 16 de Julho de
2015, os 40 anos daquele dia em que muitos de nós recebemos jubilosos a notícia
da criação da Diocese de Setúbal. Sua Santidade, o Papa Paulo VI, com a Bula
“Studentes nos”, criava neste dia, em 1975, a nossa Diocese.
O nosso júbilo não nascia de
qualquer desejo de independência em relação ao Patriarcado de Lisboa, em que
tínhamos nascido e vivido na fé e no exercício das várias vocações e
ministérios com que servíamos a nossa querida diocese de Lisboa. Por isso a
saudamos hoje, como diocese mãe, na pessoa do seu Pastor aqui presente, o
Senhor Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente.
Nem subsistia em nós a velha
expectativa surgida no recuado ano de 1926, quando a República criou o distrito
de Setúbal, desmembrando o seu território do distrito de Lisboa, de fazer
corresponder à divisão administrativa a divisão eclesiástica.
A Diocese de Setúbal, como a de
Santarém e, pouco mais tarde a de Viana do Castelo, é fruto da eclesiologia do
Concílio Vaticano II.
“Para se conseguir a finalidade própria da diocese, é preciso que a
natureza da Igreja se manifeste claramente no Povo de Deus que pertence à
diocese (…) Isto exige, quer a conveniente delimitação territorial das dioceses,
quer uma distribuição dos clérigos e dos recursos racional e correspondente às
exigências do apostolado. (…) Portanto,
em matéria de limites das dioceses, o sagrado Concílio dispõe que, na medida em
que o bem das almas o exigir, se realize quanto antes, com prudência, a
conveniente revisão, dividindo ou desmembrando ou unindo dioceses, alterando
limites…” (Christus Dominus, 22,
publicado em Outubro de 1965). Logo em Maio de 1966, o Cardeal Patriarca de
Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, decide criar no Patriarcado três regiões
pastorais – Lisboa, Santarém e Setúbal – e em Julho seguinte – curiosamente no
dia 16 – nomeia os encarregados destas regiões, sendo confiada a Região
Pastoral de Setúbal ao, então, Cónego João Alves, com o ofício de “Vigário
Episcopal”. Em 1967, o Patriarca de Lisboa institui o seu Conselho Presbiteral
e com ele estabelece como prioridade, no contexto da renovação pastoral do
Patriarcado inspirada pelo Concílio, a criação das novas dioceses de Setúbal e
Santarém.
Neste mesmo dia, há quarenta
anos, soubemos quem era o nosso primeiro Bispo. O então Vigário Geral da
Diocese do Porto fora eleito por Paulo VI para primeiro bispo da nova diocese
de Setúbal: D. Manuel da Silva Martins. Também hoje de parabéns.
De parabéns está também esta
magnífica igreja de Santa Maria da Graça que neste mesmo dia, há 40 anos, pela
já mencionada Bula, foi elevada a catedral.
É nesta igreja que estamos
reunidos, comunidade católica, irmãos cristãos de outras Igrejas,
representantes de vários sectores da sociedade. Quisemos convidar-vos para
partilhar convosco este nosso júbilo e agradecer a Deus o dom desta Diocese e
da sua vida de 40 nanos, desde os tenros e agitados anos da sua infância ao seu
crescimento e maturidade, com as alegrias e os sofrimentos, as esperanças e as
angústias, não só dos cristãos, mas de todos os homens e mulheres deste
território em que somos Igreja, em que procuramos ser para todos rosto e luz de
Cristo.
40 anos de vida! E que vida!
Tem sido uma vida de grandes
aprendizagens. Os primeiros tempos foram marcados por muitas dificuldades de ordem
política, ideológica, social e também religiosa. Graves problemas na vida
económica e laboral atingiram particularmente a região na década de 80. Como
sempre acontece nestas situações, porque a Igreja é conduzida e animada pelo
Espírito Santo, os tempos difíceis constituíram grandes desafios para a jovem
diocese. D. Manuel Martins apontou, com o seu ministério atento e corajoso, o
caminho a esta Igreja que lhe fora confiada. Uma Igreja em minoria social, mas
consciente da grandeza da sua missão precisamente numa sociedade conturbada,
para lhe levar, como ninguém o poderia fazer melhor, o Evangelho da justiça, do
respeito pela vida e pelo trabalho, da paz, na solidariedade com os que mais
sofrem, fazendo suas “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias
dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem…” (Cf.
Gaudium et Spes, 1).
Hoje contamos por milhares os
cristãos leigos na nossa Diocese, homens e mulheres, jovens e adultos que
fizeram esta aprendizagem e descobriram a beleza e os desafios do sacerdócio
baptismal, a sua vocações e a missão específicas no mundo e na Igreja.
Muitos destes cristãos leigos
ousaram partilhar a fé e o compromisso na sociedade associando-se em movimentos
e obras que levam para o mundo a alegria e a esperança do Evangelho. É o CNE
com milhares de jovens e crianças. São os Cursilhos de Cristandade com 225
cursos realizados. É o Renovamento Carismático espalhado por toda a parte. São
os Convívios Fraternos ao serviço dos jovens. É o Caminho Catecumenal, o
Movimento da Mensagem de Fátima e tantos outros...
A Igreja diocesana cresceu
particularmente nos serviços de caridade que reúnem mais de cinco mil pessoas
ao serviço dos pobres nos Centros Sociais Paroquiais, na Caritas, nas
Conferências Vicentinas, nos grupos informais por toda a Diocese, nas
Misericórdias e ainda no Vale de Acor, no Centro Jovem Tabor, nos Visitadores
dos Reclusos, nos Visitadores de Doentes, na Casa do Gaiato.
Lembro as novas vigararias (em
1975 eram 4; hoje são sete) e as novas paróquias (em 1975 eram 40; hoje são
57). Lembro a comunicação social: o “Notícias de Setúbal” nas duas etapas da
sua publicação; “A Seara”; e alguns dos meios que infelizmente se extinguiram:
“O Jornal de Almada”; a “Rádio Voz de Almada”; “A Tribuna do Povo”.
Lembro todo o esforço da formação da fé, desde a
iniciação cristã à Escola da Fé, presente em várias vigararias.
Lembro, finalmente, o nascimento
e crescimento da Cúria, do Seminário e dos Conselhos que assessoram o
ministério do Bispo; as peregrinações a Fátima, as Assembleias Diocesanas, as
45 ordenações sacerdotais (em 16 de Julho éramos 40 padres; hoje somos mais de
80), as 15 ordenações de Diáconos Permanentes, as 40 igrejas e locais de culto,
construídas com tanto amor e fé; a entrega do Seminário de Almada e do Cristo
Rei; e tantas outras coisas que Deus conhece e que estão a florescer sem darmos
conta.
Por tudo isto, fazemos hoje
memória agradecida de tudo o que nestes 40 anos Deus fez em nós e por nós.
P. José Lobato, Vigário Geral