sábado, 1 de novembro de 2014

Memória deuteronómica

«Deste modo o autor da Carta aos Hebreus chama a estar atentos aos que anunciaram o Evangelho e que já se foram... pede-nos para que recordemos a partir da fecundidade do que semearam entre nós. Pede-nos para que recordemos com a memória do coração, a memória deuteronómica que constrói sobre a rocha, que plasma vidas e marca corações.»

 

«“Lembrai-vos dos vossos dirigentes, que vos anunciaram a palavra de Deus. Considerai como terminou a vida deles, e imitai-lhes a fé” (Hb 13, 7). Deste modo o autor da Carta aos Hebreus chama a estar atentos aos que anunciaram o Evangelho e que já se foram. Pede-nos para lembrá-los, mas não daquele modo formal e, às vezes, comiserador, que nos faz dizer “quanto era bom!”, uma frase que ouvimos com frequência nos cemitérios. Este tipo de memória é uma simples recordação de formalidade social. Ao invés, pede-nos para que recordemos a partir da fecundidade do que semearam entre nós. Pede-nos para que recordemos com a memória do coração, a memória deuteronómica que constrói sobre a rocha, que plasma vidas e marca corações. Sim, o nosso coração se edifica sobre a memória daqueles homens e daquelas mulheres que nos aproximaram das fontes de vida e de esperança à qual poderão chegar também os que nos seguirem. É a memória da herança recebida, que por nossa vez, devemos transmitir aos nossos filhos.
Então, com essa memória, recordamos (os que já partiram) e perguntamo-nos: o que nos deixou cada um? Quais são as suas marcas que encontramos no caminho da nossa vida?
...
Agradeçamos a Deus nosso Senhor por tê-los conhecido. São dirigidas também a cada um de nós as palavras “considerai como terminou a vida deles, e imitai-lhes a fé” da Carta aos Hebreus.»

Buenos Aires, 6 de maio de 2012
Cardeal Jorge Bergoglio (atual Papa Francisco)
 

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