sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A catequista que todos chamavam “A NOSSA NOLA”



Nestes quarenta anos de Diocese, em que damos graças por tantas pessoas, acontecimentos e instituições, comunidade de Aires, Paróquia de Palmela apresenta-nos a história de uma filha da nossa Diocese.

A “Nossa Nola”, mansa e humilde de coração, sempre solícita, de olhar doce e sereno. A Nola filha única de um casal também ele aberto à sua comunidade.

A sua infância foi como a de qualquer menina da sua idade. Batizada aos 15 dias de vida com o nome de Maria Magnólia. 
 
Os pais de Nola


Nasceu para a Vida a 9 de Fevereiro de 1963.
Sacramento do Batismo Fevereiro de 1963.
Sacramento do Matrimónio 14 de Setembro de 1996.
Nasceu para o Céu a 22 de Agosto de 2009.


O seu primeiro dia de escola viveu com uma felicidade e um enorme desejo de aprender, o mesmo desejo que mais tarde a levou a ensinar a ler e a escrever a alguns adultos da nossa comunidade. Durante anos a Nola depois do seu dia de escola / trabalho, ainda tinha a disponibilidade para sair de sua casa e ir até à escola de Aires dar aulas a algumas senhoras e senhores dali e da Volta da Pedra.

O seu cuidado com o saber das pessoas também tinha par com o seu sentido Cristão. Frequentava a catequese, e a seguir à Profissão de Fé, mais ou menos com 14 anos, começou a auxiliar na catequese em São Julião, com a supervisão de outras catequistas e do senhor Padre Graça.

A nossa comunidade ainda não tinha igreja. Era um desejo acalentado pelos seus pais e por muitas outras pessoas da nossa comunidade. Ao sábado à tarde, numa garagem emprestada, lá se juntavam as crianças, o Sr. Padre Ramalho, a Nola e outros adultos. Ali lançava-se as primeiras sementes desta comunidade.

A Eucaristia começou por ser ao Sábado à tarde na Igreja da Baixa de Palmela. Ia um grupo de pessoas a pé, fazendo também assim comunidade.

Depois foi-nos emprestada a Capela da Sra. da Glória em Aires, e aí a semente da comunidade começou a germinar com novo fulgor. A escola primária também nos foi emprestada aos fins-de-semana. A Catequese das crianças começou-se a organizar e, claro, a nossa Nola como catequista atenta e carinhosa. O grupo de jovens também ganhou novo animo. Agora tinha um novo e bom propósito, angariar fundos para a construção da nossa Igreja, pois entretanto já nos tinham cedido um terreno, para a construção da nossa Igreja. E também no grupo de jovens contávamos com a nossa Nola. Quando a responsável não podia, o grupo reunia-se na casa dos pais da Nola e era ela a orientar o grupo. A catequese de adultos também se estava a organizar com o impulso do saudoso Padre Marques, e claro com a participação da Nola.

Sempre empenhada na vida da comunidade, o seu cuidado era demonstrado através do seu carinho, da sua doçura, da sua serenidade.

Durante a construção da nossa Igreja a Nola foi chamada ao Sacramento do Matrimónio. Lógico que a Celebração não podia ser noutra Igreja que não a nossa. Um detalhe: a Igreja ainda estava em construção, mas era a “nossa”. O Casamento foi Concelebrado pelos seus dois grandes amigos Sr. Padre Marques e Sr. Padre Ramalho.

A Nola foi uma Cristã á maneira de Jesus Cristo, Simples, Humilde e Dedicada. Com um grande Amor à sua Igreja de Aires. Não só como catequista mas também como Cristã pertencente à sua Igreja.

Padre Ramalho
 Depois do casamento continua a dar catequese na escola de Aires. Nasce a sua primeira filha e quando o tempo ou a saúde não permite deslocar-se à escola, dá catequese em sua casa. Ano e meio depois nasce a segunda filha. Aí o papel de mãe obriga-a a fazer uma interrupção de 4/5 anos. Após a entrada das meninas na escola volta à catequese com a mesma doçura de sempre e a mesma serenidade que a todos contagiava. Mas este regresso veio com o terrível carimbo da doença oncológica. Parecia mentira. Um olhar tão doce, uma paz tão grande e a doença sempre à espreita. A batalha foi travada como tinha de ser travada: com Fé em Deus e só em Deus. A todos dava esperança como se fossemos nós os doentes, os necessitados de alento e esperança.

A sua mansidão, humildade, serenidade, zelo e fé, são o seu legado para as gerações futuras: é possível viver “A Alegria do Evangelho”.

Eu nunca tinha andado na escola. Já tinha mais ou menos 55 anos, quando soube que a Nola ajudava quem não sabia ler e escrever. Comecei a aprender com ela a fazer o meu nome, a fazer a minha morada, a conhecer os autocarros.
Foi muito importante para mim e para o nosso grupo. As aulas começavam, à noite depois do nosso trabalho, éramos umas 6 ou 8 pessoas já adultas.
Capitolina, 77 anos
 
Enquanto a Nola foi minha catequista, eu aprendi muitas coisas, não só sobre a Igreja e Jesus, mas também sobre a vida. Ela mostrou-me o que era ser uma pessoa forte, uma pessoa que sorria mesmo quando a vida não lhe sorrisse de volta. Os três anos que a Nola foi minha catequista, foram os meus primeiros anos de catequese e acho que me prepararam bem não só para a vida cheia de Fé, mas também uma vida cheia de Amor e Paz.
Beatriz Costa, 16 anos

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