terça-feira, 14 de julho de 2015

Fazer memória… de duas testemunhas de Fé



Fazer memória sobre os 40 anos da diocese de Setúbal, para mim, é falar sobre as pessoas que a marcaram, durante este período.
Eu tinha 10 anos, quando foi criada a diocese (16 de outubro de 1975) e foram muitos os cristãos, felizmente, que conviveram comigo e foram exemplos de vida cristã durante estes anos, fora e dentro do espaço diocesano.
Ir. Matilde Morgado

A minha reflexão levou-me, em primeiro lugar, a fazer memória da Irmã Matilde Morgado, nascida em 6 de setembro de 1933. A irmã foi, durante 14 anos, a diretora diocesana de Secretariado da Catequese da Infância e Adolescência (de 1990 até 2004). Atualmente, encontra-se na Casa Provincial das Franciscanas Missionárias de Maria, em Lisboa, congregação à qual pertence.

Conheci-a quando eu tinha 25 anos. Convivi com ela durante quase todos esses anos…

Fiz o Curso Básico de Catequese e, a partir desse momento, chamou-me para colaborar na formação dos catequistas da diocese. Ainda hoje me pergunto porquê!!!

Acompanhei muito do trabalho realizado por esta mulher de fibra. Quem a via a caminhar com o seu chapéu de palha não adivinhava os problemas de saúde que ela tinha, desde muito nova, mas que nunca foram motivo para desarmar nas dificuldades. A sua força pessoal e espiritual era enorme e transmitia-a aos que com ela colaboravam.

Colocava um carinho e um amor especiais naquilo que fazia, mas também muita exigência consigo e com os que com ela colaboravam .

As coisas tinham mesmo que funcionar e o melhor possível ... quantas vezes, os que com ela colaboravam, estiveram reunidos, pela noite fora, para prepararem adequadamente as atividades, os cursos, as formações, os retiros, …

Corria a diocese de ponta a ponta, reunindo com os catequistas e párocos, dando formação e auxiliando nas questões que necessitavam de resolução, propondo soluções concretas.

Implementou o funcionamento das equipas vicariais de catequese … e, para melhor funcionarem, por vezes, participava nessas reuniões. No entanto, deixava nas mãos dos responsáveis, padres e catequistas, a dinamização das equipas vicariais.

Uma mulher de garra que enfrentou, por vezes, algumas situações de desconforto para conseguir responder ao pedido que o senhor bispo lhe tinha feito e ela tinha aceite.

Quando, em 2004, deixou de ser a diretora do secretariado, deixou um legado evangelicional muito grande … os catequistas tinham crescido na fé, através das múltiplas atividades formativas pedagógicas, catequéticas, espirituais, biblicas que ela planeou/implementou, tornando-os assim catequistas mais bem preparados para trabalharem ao serviço da Igreja Local e fazer crescer os irmãos na fé e no amor a Jesus Cristo


Só para recordar, houve anos em que, no Dia Diocesano do Catequistas, chegaram a estar presentes mais de 400 catequistas no salão da Anunciada. Nas Jornadas de Adolescentes, normalmete, realizando-se, cada ano, numa vigararia diferente, com atividades diversificadas e motivadoras, havia uma grande adesão por parte dos catequizandos/adolescentes e catequistas.


Pe. Norberto Lino
Outra pessoa que faz parte do meu “património religioso”, do da vigararia do Seixal e do da diocese foi, sem dúvida, o pe. Norberto Lino, nascido em 31 de maio de 1922 e falecido em 18 dezembro de 2009. Antes de se tornar pároco de Corroios (de 1977 a 1997), foi missionário em Moçambique.

O pe. Norberto Lino, jesuita, surgiu na minha vida quando eu andava no seminário e tinha uns 12 anos. Quando vinha a casa, eu acompanhava-o na vida paroquial, acolitando nas celebrações eucarísticas, presenciando/vivenciando muitas das suas tarefas, atitudes, comportamentos e ajudando no que era necessário. Agradeço a Deus a sua presença na minha vida, pois aprendi muito com este homem simples, mas, ao mesmo tempo, muito culto. 


O testemunho do trabalho que realizou e da entrega à Evangelização numa paróquia, inicialmente, tão pouco catequizada/evangelizada, levou a que muita gente, aos poucos e poucos, se fosse aproximando da Igreja.

O seu espírito de partilha fez com que fosse entregando, a leigos comprometidos, muitos dos trabalhos que deveriam e poderiam ser realizados por eles, exigindo-lhes, no entanto, que prestassem contas do que iam fazendo. Assim, foi criando cristãos responsáveis e empenhados em Igreja. Isso permitiu-lhe dinamizar e desenvolver as comunidades de Corroios, Miratejo e Vale de Milhaços.

Não só criou uma Igreja humanizada, feita de cristãos empenhados, comprometidos, com formação religiosa e espiritual, fruto da criação e dinamização de grupos de reflexão e ação, mas também ampliou a igreja paroquial de Corroios e construiu as Igrejas das duas novas comunidades que iam surgiram: Miratejo e Vale de Milhaços, sempre com muito apoio dos seus paroquianos.

Foi este o homem que me acompanhou (ou melhor dizendo, que eu acompanhei, ao longo de alguns anos), um homem que se preocupava imenso com as pessoas e as ajudava quando elas precisavam a nível pessoal, económico, espiritual e social.


Para mim, este homem foi (é) um exemplo de amor e dedicação ao Evangelho e de inspiração para os seus paroquianos. O seu empenhamento foi notável no crescimento deste pequeno Reino de Deus na freguesia de Corroios.
São homens e mulheres como estes que fazem crescer o Reino de Deus.
É por isso que devemos recordá-los para que outros possam também saber que há grandes homens e mulheres, ainda hoje em dia, ao serviço de Jesus Cristo e que vivem de forma simples, mesmo ao nosso lado.

Artur Barros

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