Quando a 10.01.1993 tomei posse do
cargo de Pároco do Pragal, vindo da Paróquia de S. João Evangelista, onde
estivera desde 03.03.1974, não entrava em terreno completamente desconhecido,
por conhecer bem o P.Norberto Martins S.J. que fora meu Companheiro de
Noviciado da Companhia de Jesus durante algum tempo.
Como “Comunidade de Fiéis”, a
Paróquia de Cristo Rei partia de uma realidade já bastante trabalhada e
prometedora, acompanhada por diversos Sacerdotes, que por passaram e por ordem recordamos:
- Pe. José do Carmo Vicente, que
foi o pioneiro da reconstrução da “Ermida” totalmente degradada depois de 1910
e finalmente devolvida ao Culto em 1957.
- Pe. Camilo Neves Martins, que
alugou na Rua Fernão Lourenço um armazém, para funcionar como “Salas das
Torcatas”.
- Pe. Norberto Martins S.J nomeado
1º Pároco em 1976 e que já em 1973 começara a fazer diligências para conseguir
um lugar de Culto na Qtª de S. Francisco de Borja, anexa à Igreja Matriz, a
Igreja de Nossa Senhora Mãe de Deus e dos Homens.
- Pe. José Afonso Marques Pinto
S.J.- 2º Pároco do Pragal, nomeado a 23.10.1983 que deu início ao Centro Social
Paroquial, instalado na R. da Bela Vista, em lojas cedidas pelo IGAPHE em
regime de comodato.
- P.José Vicente Martins S.J. nomeado
como o 3º Pároco a 22.11. 1982.
A Paróquia de Cristo Rei do
Pragal, com a Igreja Matriz da “Ermida”, começou extraordinariamente pobre em
estruturas e equipamentos, com 3 lugares de Culto muito escassos e distantes,
embora a cedência da Qtª de S. Francisco de Borja pelo IGAPHE em 1989, tivesse
melhorado significativamente a situação quanto aos espaços disponíveis. No
entanto, na minha maneira de ver, havia muito que trabalhar, e convencer
pessoas responsáveis quanto a tornar possível a acelerar o projecto da divisão
da Paróquia, logo que estivessem reunidas condições para isso, assunto que foi
apresentado ao Bispo com a força que tinha quando a Paróquia cumpria já os seus
25 anos de existência. Cinco anos depois, quando se completava o 30º
aniversário da Paróquia de Cristo Rei - Pragal, estava finalmente criada a
Paróquia de S. Francisco Xavier da Caparica, por decreto de D. Gilberto Bispo
de Setúbal, datado de 29 de Julho de 2006 na Solenidade dos Apóstolos S. Pedro
e S. Paulo, tomando posse da nova Paróquia o seu 1º Pároco a 15 de Outubro
desse mesmo ano o P. José Pires S.J.
Podia
respirar-se um pouco melhor na Paróquia do Pragal. A dignificação e recuperação
da pequena Igreja Matriz impunham-se como primeiríssima preocupação, mas tudo o
que nessa altura de concreto se conseguiu após mais de dois anos de diligências
para se obter o terreno e a execução da obra, foi o Largo Fronteiro à fachada
da Ermida a que se deu o nome de “Largo Armindo dos Santos”, Excelente Autarca
Presidente da Junta Pragal e inesquecível amigo que a morte levou cedo.
Com a aprovação da Câmara, estava
assim aberto finalmente e em definitivo o caminho para podermos concorrer a um
subsídio de apoio à construção. Com o custo orçamentado em 335.000€ + Iva;
pedia-se o subsídio de 225.000€, ficando a importância de 110.000€ que a boa
vontade de todos ajudaria a conseguir.
Não deixava de pairar uma forte
suspeita de a Paróquia estar a ser empurrada para um ciclo infindável de
agravamento sucessivo de custos. Foi assim que em desespero de causa, cansados
de esperar agarrados a falsas expectativas, desenganados de quem tudo adiava
sem ao menos inquirir sobre as reais necessidades vendo os custos a aumentar
exageradamente, a Paróquia resolveu enfrentar a obra endividando-se com um
empréstimo bancário, prescindindo de subsídios governamentais que melhor fora
tivessem sido negados logo à partida.
Mas... que se pretendia fazer (ou melhorar) no Pragal?
1. Ampliação do interior da Igreja: não em profundidade mas em largura a duplicar o espaço, com um
arranjo da Capela - Mor a condizer com o Sacrário e com a Cruz, de maneira que
o Sacrário ficasse à vista de toda a Assembleia, atraindo a sua atenção.
2. Criação de duas Capelas Mortuárias: dispondo de todos os
requisitos de higiene, salubridade, iluminação, ventilação e funcionalidade
requeridos para o bom desempenho da sua finalidade.
3. Criação de uma Residência Paroquial: Com hall de entrada, quarto,
sala de estar, cozinha e instalações sanitárias.
4. Criação de uma sala de estar; ao nível do piso da Igreja e outra
em nível superior, ambas com superfície bastante desafogada e com sentido de
aproveitamento funcional.
5. Sala-Cave: Aproveitamento do desnível exterior como
sala-multiusos para convívio. Festas, etc. com acesso exterior.
6. Gabinete e Secretaria: ao nível de entrada na Igreja e com casa de
banho para acesso público, com acesso exterior.
7. Escada de acesso ao coro: Escada em caracol a partir do interior da
Igreja sem lhe diminuir a capacidade, e ampliado o côro a capacidade da Igreja.
Não foi obra simples. Não foi
também a grande solução para o Pragal de hoje, porque não houve a capacidade
(30 anos antes) com a preocupação de futuro, quando tudo era possível. Mas foi
a obra possível e inadiável nas condições já descritas, tendo-se conseguido um
ganho bastante significativo relativamente ao aspecto funcional e ao
aproveitamento dos espaços que se criaram.
Não foi também obra barata, para
as fracas posses da Paróquia, porque a transformação a fazer era muito grande e
necessariamente cara. Mas foi uma obra feita com amor e sacrifício que muitos
julgavam impossível,
Concluída a obra no tempo
previsto, fez-se a inauguração solene no dia 18 de Outubro de 2005 em cerimónia
presidida pelo Sr. Bispo de Setúbal acompanhado por oito Padres Concelebrantes
e uma grande assistência que o espaço não conseguiu conter na totalidade, e a
presença da Ex.ma Presidente da Câmara de Almada, Presidentes das Juntas de
Freguesias de Almada, pessoal da Empresa Construtora (Alves Ribeiro) e muitas
outras pessoas gradas do meio.
Nem só o dinheiro era necessário.
Quantos anónimos depositaram as suas economias para que tudo ficasse pago como
ficou. Valeu a pena? O Coração diz-me que sim! E os amigos que tanto ajudaram
com o seu testemunho e o seu dinheiro, dizem-me o mesmo. Ficou tudo feito?
Claro que não, porque nada é perfeito. Mas valeu a pena o esforço e até a saúde
que por lá foi ficando. O que nesta altura me dá imensa alegria é o Pragal ter
sido entregue a quem foi. O Padre Horácio Noronha que na minha invalidez me
substituiu, é a pessoa certa para estimular a população do Pragal, a viver em
sintonia com o Amor que Deus espera de cada um, aquele Amor que S. Paulo nos
diz que não acaba nunca e que está acima de tudo.
Obrigado P, Horácio e que a
população do Pragal acompanhe sempre o seu trabalho como acompanhou o meu, de
maneira que hoje eu sinta uma Saudade que não sei descrever!
P. José Vicente Martins S.J.
Sem comentários:
Enviar um comentário